sexta-feira, maio 16, 2008

“RESGATE DA MEMÓRIA” até 24 Maio na Piurra



A data limite para ver a exposição “RESGATE DA MEMÓRIA” foi alargada e poderá ser vista até dia 24 de Maio.

Local: CCB, Centro Comercial Bombarda, loja 26, Rua Miguel Bombarda 285, Porto
Agradecimentos: Museu de História e Etnografia da Póvoa de Varzim


O Timoneiro da Piurra

A herança das grandes visões de vida não é apenas verbal.
Eis aqui oito jogos produzidos por António “Quilores”, no resgate da memória e na mais inocente busca dos jogos dos poveiros, os pequenos “lobos-do-mar”.

“Quilores” é o timoneiro do Projecto Piurra. Foi à memória dos piões criados com arte e engenho do avô “Quilores”, marceneiro entalhador, que Rui Viana se inspirou para o nome do seu projecto com vista a desenvolver mobiliário contemporâneo. PIURRA é um género de pião, um brinquedo que gira, tomando diversas direcções.
A prova desta magnífica herança está nestes cenários, dos quais herdámos o poema, a sonoridade da voz dos personagens e a eternidade das suas histórias. Mas não só. Algumas histórias tornam-se herdeiras de um local, outras de um povo, outras de uma razão.
“Diz-se que “Quilores” nasceu artista: De sol a sol imaginando berliques e berloques nas mobílias de estilo, foram os seus dotes artísticos e o seu poder inventivo que o levaram ao êxito retumbante no acanhado meio etnográfico nacional.
À custa dele, das suas arrelias e más-vontades, trabalhou graciosamente para o Museu da Póvoa, que o tomou orgulhosamente como seu.
Foi seu fiel e dedicado servidor, cicerone e conservador.
António “Quilores” sonhava desde há muito reproduzir em bonecos de madeira os característicos jogos e costumes poveiros, em miniatura. Hoje na loja da Piurra, poderá ver todos os cenários desse sonho, produzidos em 1975 (ano do nascimento do neto), retratam os Jogos e tradições populares entre os quais está presente o Jogo do Pião.
Neste conceito, o projecto PIURRA joga com o etéreo, o indefinido, com o resgate das grandes memórias. Estes jogos são meros acervos que sonham e se transfiguram como um gás volátil, como as coisas que não pesam e navegam numa planície que acedemos quando sonhamos.
Pelo olhar de “Quilores” descobrimos a vastidão de um mundo interior, intacto, errante como uma paisagem de fundo e assim primordial e delicado, arcaico e sublime.
Na mostra destes oito jogos sente-se o sussurrar das histórias, o rodopiar da Piurra.
Nela adivinham-se as palavras, o turbilhar das ideias: a Piurra que se cria à medida da sua metamorfose, no seu espaço de Invenção.

Este recordar é um renascer em rodopio.
À Piurra e ao avô “Quilores”.

Ângela Berlinde, artista visual

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